Quem sou

Criado para somar forças com toda e qualquer forma de representar o bem, o Conselho Mundial de Duendes e Fadas decide entrar no mundo virtual para fornecer seu rico material acumulado ao longo de milhares de anos de observação e trabalho. Este material já foi sussurrado ao ouvido de alguns humanos iluminados que, ao tentar expor suas idéias "inovadoras", foram sufocados pela falta de consciência dos irmãos de espécie. Desta forma, textos e vídeos serão mostrados com o intuito de elevar a consciência material e espiritual do visitante.


Esperamos que todos ajudem a expandir este ideal colaborando com novas idéias e passando adiante as antigas. Também contamos com a compreensão de todos, pois seres mágicos da natureza como nós possuem pouquíssima experiência no meio virtual.


Atenciosamente,

FMCC - Fundação Moradores de Cogumelos Coloridos

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Violência gratuita, resposta da sociedade

Sempre fui adepto dos meios de comunicação livres e gratuitos. Ultimamente tenho notado um aumento de títulos de periódicos gratuitos entregues nos faróis (ou semáforos) da capital paulista. Claro que boa parte de seu espaço está ocupado por propaganda, que bom! São as multinacionais pagando para o povo ter acesso à informação, eles poderiam distribuir panfletos de supermercado ou eletrodomésticos nas portas das escolas e pagar para os alunos terem uma educação de melhor qualidade. Quem ia ligar para um guri chegando em casa com uma camisetinha com mais patrocínios que a camisa do Corinthians, mas recitando Shakespeare? Ou uma menininha com uma mochila das Casas Bahia e sandálias da Sansung que vai para a escola ansiosa, pois lá tem um computador de ponta onde ela vai terminar sua tese sobre o motor a base de água?
Bom, devaneios futurísticos a parte, gostaria de parabenizar o periódico gratuito “Destak”, que publicou hoje, 26 de novembro de 2010, uma reportagem, bem apertadinha ao lado de um enorme quadro das Casas Bahia (Obrigado Sr. Klein!), que consiste em um texto claro sobre agressão ocorrida no último dia 14 na Avenida Paulista e condenação de cinco indivíduos covardes que, sem nenhum motivo, desferiram golpes com objetos, mãos e pés (muito parecidos com primatas selvagens...) em outros transeuntes. Mas o mais importante é a não citação, pelo autor da reportagem, da homofobia. Posso entender a relevância de informar a população dos crimes e seus motivos, só não concordo com a maneira de enfatizar repetidas vezes por vários meios de comunicação o “motivo” que levou 5 pessoas a espancar outros semelhantes. Ao culpar a homofobia, alguns cidadãos com problemas mentais que realmente acreditam no preconceito, irão apoiar essa atitude, quando na realidade o verdadeiro motivo de tal violência gratuita é a falta de educação, a ausência de instrução social, a falta de noções de convívio coletivo, bem como o não apreço, pelos meios de comunicação e suas importantes figuras sociais, pelo Nobre, o Bom e o Justo.
Na realidade não importa se são homossexuais, mulheres, crianças ou até animais, o fato mais relevante é a inaceitável e asquerosa covardia com a vida. No entanto, quando você ouvir ou ler uma noticia sobre violência, procure observar não apenas as feridas na pele do agredido, mas tente enxergar as constantes lesões causadas por nossa sociedade no coração do agressor. Abaixo segue um texto de uma neurocientista explicando com suas palavras a questão da consciência social e seus benefícios.

Francisco Miguel Conde Cruz

Neurociência - Suzana Herculano-Houzel

Na semana passada, minha filha fez aniversário, e, como de hábito há alguns anos, fiquei procurando como deixá-la especialmente feliz para celebrar a data.  Decidimos sair para fazer comprinhas para ela e depois levar duas amigas da escola para uma "festa do pijama" lá em casa. De roupa nova e olhinhos travessos radiantes, ela veio nos comunicar, escoltada por suas amigas, que "só iam dormir à meia-noite" - horário ousado para quem acabou de fazer sete anos -, e lá se foram para o acampamento montado na sala. Por mim, está ótimo: se ela está feliz, eu estou feliz.
Meu lado neurocientista de plantão não deixa o evento passar em branco, é claro. Por que dar presentes é tão bom? A felicidade da minha filha ao recebê-los mexe comigo desde quando ela ainda era pequenina: seu "Pa mim? Aaah... muuuuuto bigada, mamãe!" fazia meu cérebro dar pulinhos e ficar  todo mole por dentro. Ou, em termos mais científicos, o sorriso dela fazia meu cérebro, por pura imitação, sorrir também e ficar feliz por empatia. O bem que fazemos aos outros retorna ao nosso cérebro quando vemos o resultado estampado no rosto alheio: fazer bem aos outros acaba nos fazendo bem também, ainda que isso nos custe algum dinheiro.
Mas não é só isso. Jorge Moll, neurocientista brasileiro em pós-doutoramento nos EUA, acaba de publicar um estudo em que mostra que a simples decisão de fazer o bem, muito antes de provocar qualquer sorriso alheio, já envolve a ativação do sistema de recompensa do cérebro.  Decidir fazer o bem dá prazer. E mais: o córtex subgenual, uma área envolvida na formação de laços afetivos, também participa de decisões altruístas e deve nos fazer criar vínculos com o objeto das nossas boas ações. Meu cérebro certamente cria vínculos enormes com minha filha quando pensa na felicidade dela.
Claro que é possível olhar para os dados com outra lógica. Talvez a gente só decida fazer o bem, mesmo a nossos filhos, porque isso dá prazer a nós mesmos. Essa é a visão cínica, ou ao menos cética, do altruísmo: todo ato altruísta teria um fundo de interesse próprio.
Eu prefiro pensar que poderia ser diferente.  Prefiro pensar que meu cérebro poderia não dar a mínima para a felicidade da minha filha e não ter o sistema de recompensa ativado nem antes nem depois de eu decidir deixá-la feliz. Mas não é assim. Meu cérebro tem a capacidade sensacional de deixar minha filha feliz e, de quebra, ainda ficar feliz com  isso. Para mim, está ótimo!



SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, é professora da UFRJ e autora de "Sexo, Drogas, Rock'n'Roll & Chocolate" e de "O Cérebro Nosso de Cada Dia" (ed. Vieira & Lent)

Um comentário:

  1. Dicotomia...
    Ouço isso desde os primórdios da comunicação - brincadeira! Eu ainda não estava viva quando a comunicação começou. Mesmo porque a dicotomia, hoje, mais que nunca, imposta pela mídia, existe há muito tempo. Mas isso não vem ao caso.
    Acredito que a sexualidade não deva ser reprimida. Mas além disso, a repressão está fortemente ligada ao fato do sujeito confundir aceitação com conversão... E isso está inserido no seio da população.
    Enquanto a mídia - uma das maiores contribuintes para não desmistificação desse tema, em minha opinião - continuar seu trabalho apoiado sobre os panoramas do preconceito e não denunciar da maneira correta a realidade, teremos muitos casos como esse.
    Difícil, caro amigo!

    ResponderExcluir